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A mostrar mensagens com a etiqueta O Sonho de Bruno

And that's my weakness now!

— Deixe a janela aberta, por favor. O ar morno do início do Verão invadiu o quarto. O cheiro a ruas poeirentas, o cheiro particular do Tâmisa, um cheiro fresco a algo putrefacto e fermentado, misturava-se com um vago aroma a flores.  O último capítulo é tremendo. Passa-se no quarto de Bruno. É só ele e Diana. Falam um com o outro, pouco. Falam mais com os pensamentos e o passado. Choram (por distracção). Há uma cena de morte (mosca) e libertação (aranha). O roupão de Bruno, pendurado na porta como a chave de um enigma. Bruno está a morrer. Diana é uma mulher diferente. No fim, as notas de tradução (gentileza de Vasco Gato) parecem o genérico de um filme, quando já toda a gente saiu da sala com pressa (de quê?) e ficamos sozinhos enquanto os nomes passam na tela escura; ouve-se uma canção e não conseguimos, ou não queremos, sair da história. Do sonho. ( A realidade é demasiado difícil. )

A vida é terrível, mas muito divertida.

Acontece quando Lisa se encontra com Bruno; acho que é nessa altura que Iris Murdoch resolve agitar as coisas. Só nos apercebemos disso indirectamente e um pouco mais tarde porque na verdade não vemos o que se passa com os nossos olhos e o caso criado por Iris Murdoch é de “ver para crer”.  Danby, que presenciou esse encontro entre Lisa e Bruno, é o primeiro a ver outra Lisa e fica tão transtornado que a procura, aborda-a na rua, puxa-a para o lado (nota etimológica: seduzir vem do latim seducere que quer dizer "levar para o lado") e depois, já dentro do cemitério, diz que a ama, que viu e acredita. Mais tarde escreve numa carta: É uma coisa muito diferente dos afectos corriqueiros e insignificantes e da simples vontade de ir para a cama com alguém. Sinto neste caso uma espécie de destino . É uma paixão desse tipo: exaltada, plena, orgulhosa. Parece que Danby está a entrar para uma ordem religiosa, que compreendeu o mistério do universo. Ora bem, esse encontro de Danby com ...

Uma rapariga bastante literária

Lisa, a irmã mais nova de Diana, iniciou a sua vida de forma bastante diferente. Licenciou-se com distinção em Estudos Clássicos em Oxford. Foi dar aulas para uma escola de Yorkshire e entrou para o Partido Comunista. Diana, que gostava muito da irmã, perdeu o contacto com ela durante uns tempos. Lisa viria ao Sul por ocasião do casamento de Diana e conheceria Miles. Depois, desapareceu novamente e, quando voltaram a ter notícias dela, tornara-se católica e entrara para a ordem das Clarissas. “Tenho a certeza de que foi o exemplo da fundadora que a atraiu”, disse Diana a Miles. “Sempre foi uma rapariga bastante literária.” O Sonho de Bruno, de Iris Murdoch. Tradução de Vasco Gato para a Relógio d’ Água. Página 61.

Maman

Confundir Deus com uma aranha ou vice-versa — acho que já consigo fazer uma lista de personagens que passaram por isso. Mas não sei como classificar o fenómeno: êxtase religioso ou sintoma psicanalítico? Ou um e outro são a mesma coisa?