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A mostrar mensagens com a etiqueta Antígona
Sai do escuro e caminha / À nossa frente algum tempo / Amigável, com o passo leve / Da bem decidida, terrível / Aos terríveis.

É esta insensibilidade que temos que combater

A memória da humanidade para os sofrimentos passados é surpreendentemente curta. A sua imaginação para os possíveis sofrimentos futuros é ainda menor. É esta insensibilidade que temos que combater. Pois a humanidade é ameaçada por guerras que não têm em conta as esperiências anteriores. E essas guerras terão lugar se àqueles que as preparam não lhes forem cortadas as mãos. Bertold Brecht, 1952, citado no final de Antigone ou Die Antigone des Sophokles nach der Hölderlinschen Übertragung für die Bühne bearbeiteit von Brecht 1948 
Desta vez, Antígona  pareceu-me claramente um western como os de John Ford. Bom, entusiasmei-me, devia dizer que o filme faz parte dessa família, um ramo menos cavalgante, sem dúvida. Consigo arranjar quatro provas: Creonte e Antígona têm o ímpeto físico dos actores de Ford; o teatro do Segesta, na Sicília, faz lembrar um daqueles tribunais onde o realizador americano mostra a ruindade dos poderosos e a solidão dos justos; é o filme com mais pedras que já vi; e, como diz Straub, «John Ford ainda é o mais brechtiano dos cineastas, porque mostra coisas que fazem com que as pessoas pensem raios me partam, isto é verdade ou não ?»

It was a bright cold day in April, and the clocks were striking thirteen.

Os direitos de autor de 1984 deviam ter entrado no domínio público este ano, este mês, hoje, por voto próprio. Empurrar a caducidade para o ano seguinte àquele em que o prazo se completa, conforme prevêm os Códigos, é deixar escapar um  raccord  orwelliano perfeito. Ganha a lei (“Embora eu não seja contra os piratas, esta edição é pirata”), perde o nome (Antígona).

O resto já devem conhecer do cinema

Uma rapariga fenícia diz: «DIZ!» Outra rapariga diz: «Eu disse diz » A guardiã diz: «Eu disse que tenho estado à espera.» Antígona diz: «Eu disse tenho razão ou não tenho?» Polinices diz: «EU TENHO o controlo.» Jocasta diz: «Eu disse deixem-me falar!» Etéocles diz: «Eu disse mamã - anda - vamos embora.» Tirésias diz: «Eu disse fala comigo. Não estou aqui para brincar.» Creonte diz: «Eu disse para largares a mão do teu pai.» O que leva os personagens de Martin Crimp a repetirem uma e outra vez as palavras «eu disse» ou «diz», forçando por vezes o imperativo com maiúsculas? É uma simples manifestação de força e autoridade? São os clássicos a lembrarem-nos o poder que lhes foi conferido pelos deuses? Que lhes devemos respeito? Ou será outra coisa? Uma espécie de pedido desesperado de atenção? Uma necessidade urgente de provarem a si mesmos, e a nós espectadores, que existem, que estão vivos e fazem parte do nosso mundo? Que não são apenas o sonho de um dramaturgo? Ou será antes, muito ...