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Nota prévia

Nas páginas que se seguem conto a história do meu amigo, camarada e companheiro de ideias, Franz Tunda. Recorri em parte aos seus apontamentos e em parte às suas descrições. Nada inventei, nada é composição minha. Por isso, não pretendi fazer «poesia». Observei e isso é o mais importante. Paris, Março de 1927. Joseph Roth, Fuga sem fim . Tradução de José Sousa Monteiro.

Avisos

Mais um longo e cinzento dia de Janeiro. A chuva parece mais ameaçadora do que nunca. Não é só a chuva e os contínuos avisos meteorológicos. Há mais qualquer coisa. Se acreditasse em Deus, talvez pensasse que era chegado o momento em que as forças sobrenaturais irrompem nítida e cruelmente pela realidade dentro. Como se existisse uma ligação misteriosa entre o estado do tempo e as notícias terríveis dos últimos dias. Lembra a atmosfera que Joseph Roth recria na Marcha de Radetzky . As sombras que antecedem a Primeira Guerra.

Alquimia

Há muito que o dono da casa, que o álcool não cansava, lutava no seu pequeno pavilhão de caça. Andava por ali com estranhos tubinhos de vidro, pequenas chamas, aparelhos. Corria o boato na região de que o conde queria fabricar ouro. De facto, parecia que ele se ocupava com pesquisas de alquimia disparatada. Se não conseguia fabricar ouro, sabia no entanto ganhá-lo no jogo da roleta. Deixava entender muitas vezes que tinha herdado um "sistema" seguro de um jogador misterioso que havia falecido há muito tempo. Joseph Roth, A marcha de Radetzky . Tradução de Maria Adélia Silva Melo.

Ideia para uma tese

Identificar todos os pontos de contacto entre os dez intermináveis minutos da curta-metragem Hotel Magnezit , de Béla Tarr , e o romance breve (talvez exista um outro nome para isto) de Joseph Roth, Hotel Savoy . Também vieram ter comigo pessoas dos últimos andares, e a procissão nunca mais acabava. Percebi que nenhuma dessas pessoas estava voluntariamente no Hotel Savoy. Todos estavam amarrados por uma infelicidade, e para todos o Hotel Savoy constituía a infelicidade, e ninguém sabia distinguir bem entre o hotel e a infelicidade. Todos os azares aconteciam neste hotel e acreditavam piamente que a infelicidade se chamava Savoy. Joseph Roth, Hotel Savoy .