Já não lia Junichirō Tanizaki há bastante tempo, não sei se foi por isso que me entusiasmei tanto com Alguns preferem Urtigas . Mesmo assim ainda consigo apontar três causas mais ou menos racionais: é o livro de ficção de Tanizaki mais perto do ensaio Elogio da Sombra com tudo o que isso implica de atracção imediata; apesar da dimensão o arrumar nas novelas (ou até, por distracção, nos romances), usa a estrutura dos contos — poucas personagens, pouco enredo, um final magnificamente sincopado; faz lembrar um filme de Antonioni, um filme que Antonioni tivesse feito no Japão, um filme perdido.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral