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A mostrar mensagens com a etiqueta o futuro radiante da crítica literária

Very strange

Segundo o catálogo , o único livro da Deborah Levy existente na Biblioteca Almeida Garrett é  Coisas que não quero saber . Então, O homem que via tudo , que encontrei por acaso numa das estantes, é uma espécie de espectro. Esta constatação circunstancial já é uma crítica literária — sem sujeito e, apesar de se tratar de uma imagem intangível, material e elucidativa.

A chave do texto

Ka

Ninguém escapa. Na contracapa de “Um repentino pensamento libertador”, duas referências: “por muitos considerado o Raymond Carver europeu” e “o humor seco e absurdo de Askildsen não é muito diferente do de Beckett”. (Desconfio que isto acontece com mais frequência nos livros de contos.) Como se os críticos precisassem — antes de qualquer pensamento — de arranjar um lugar para cada escritor numa tabela periódica. Todos ordenados de acordo com os números atómicos, configuração electrónica e recorrência das propriedades. — E isso basta? — Para a Amazon vender, sim.

Anyone for cricket?

Às vezes a crítica literária marimba-se para análises e julgamentos; atira-se à matéria com tal vontade que dá origem a objectos excêntricos. A tradução do conto Bliss , de Katherine Mansfield, por Ana Cristina Cesar ou, descobri agora, os sete volumes de À Procura do tempo Perdido transformados em argumento por Harold Pinter  (com a vantagem de nunca ter sido filmado). Dr. Percepied: Well, I must be going. I have to look in to see Monsieur Vinteuil. Not in the best of health, poor man. Father: Mmmnn. Dr. Percepied: His daughter’s friend is staying with them again, apparently. Father ( grimly ): Is she? Bom, talvez já não se possa chamar a estes exercícios, crítica — mas então chama-se crítica a quê?