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A mostrar mensagens com a etiqueta listas
Os tipos da Sight and Sound acham que (ainda?) percebo alguma coisa de cinema e pediram-me para participar na lista dos melhores filmes de sempre. Como gosto de comédias de enganos, baralhei a lista de há 10 anos e mandei-lhes uma sequência de filmes para tempos difíceis .  Para reforçar a ilusão, recuperei um texto que escrevi em 2012 sobre O Gebo e a Sombra : o início é enigmático (remete um disparate anterior) e o final muito estimulante. Dedico-o aos miúdos que protestam — que não lhes falte a garra.  Uma saturação de signos magníficos  Esquecendo o assunto russo , gostava de sublinhar o trabalho meticuloso  de Manoel de Oliveira na construção de imagens e a forma como esses quadros — a palavra quadros traz já em si a luz, a construção de cores e da escuridão —, ancorando na história do cinema, nos levam por caminhos paralelos à história de Gebo, também eles plenos de significados. [A velhice de Manoel de Oliveira é um grande trunfo e seria benéfico iniciar uma...

Locais de filmagem em Paris:

Jardim de Luxemburgo, fora e dentro do gradeamento. Em frente ao liceu Montaigne.  Interior e esplanada do café Les Deux Magots . Interior do café de Flore . O café Le Saint-Claude . Interior de La Rhumerie . Le Train bleu , restaurante na estação de Lyon, O apartamento do amigo, rue du Commandant-Mouchotte . O apartamento de Marie (de Catherine Garnier), rue de Vaugirard . A boutique de Marie (de Catherine Garnier), rue Vavin. Um cais do Sena, à noite. O quarto de enfermeira nas águas-furtadas do hospital de Laennec, rue de Sèvres .  Algumas ruas do Quartier Latin .   Em Paris, Antoine de Baecque.

Ponto, linha. Nada.

Natasha sai para comprar pão e deixa o pai e Jeanne a preparar o jantar — é uma estratégia de aproximação. Eles quase não se conhecem, sentam-se à mesa, um ao lado do outro, de frente para a câmara: Jeanne corta salame, Igor corta tomates. Nem prestei atenção ao que dizem, todo o interese vai para os movimentos dos corpos. É um dos clímaxes do filme (directo para a lista de cenas com pessoas a descascar e cortar coisas de comer). Mas o melhor do filme não é um ponto, é uma linha — algo que se desenrola do princípio até ao fim: não se passa nada (lista de filmes onde não se passa nada). Como diz Rohmer, quando parece que vai acontecer alguma coisa, não acontece. Tirando o desaparecimento e descoberta do colar (Hitchcock e Poe em versão primaveril), nada mais. Isso — chamemos-lhe buraco, ausência, vazio ou nada —, muito mais do que as conversas temáticas, é que faz de Conto da Primavera um filme extremamente filosófico (lista negra).

Vai-me à loja e traz-me o troco

A Bertrand propõe-me oficinas, workshops e cursos online para aprender a pensar e escrever melhor. A “oficina pensar dentro da caixa” ensina, entre outras coisas, a escrever listas de compras criativas. Custa vinte e cinco euros. Não é só no Douro que um crocodilo é uma lontra.

A fim de Wittgenstein

Vinha a descer Antunes Guimarães e, sem dúvida por causa do sol quente (o letreiro da farmácia marcava 18°), lembrei-me de fazer uma lista de músicas para Ludwig Wittgenstein. Já existe esta. Mas não estava a pensar nas preferências do filósofo —  é ao contrário; as músicas é que estão a fim de Wittgenstein ou de qualquer coisa que Wittgenstein tem. False documents (Laurie Anderson), Vitamin (Kraftwerk), In a manner of speaking (Tuxedo Moon), Bach: The Goldberg Variations — todas as versões de uma ponta à outra (Glenn Gould), Language is a virus (Laurie Anderson), I'm the walrus (The Beatles), Ohm, sweet Ohm (Kraftwerk),  4’33’' (John Cage), Proverb (Steve Reich), If you can't talk about it, point to it (Laurie Anderson),

A casa no meio da floresta

Ainda não comprei “As peças que faltam” de Henri Lefebvre. Por preguiça, mas também pela diversão de ir juntando itens à lista (no desconhecimento). Acabei de acrescentar as “Investigações Filosóficas”, de Ludwig Wittgenstein, em verso. A verdadeira casa no meio da floresta.