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Um dia, não tinha ninguém

Não é por acaso que Casanova inclui digressões sobre a dança e a pintura. Existe, por exemplo, numa igreja de Madrid, um belíssimo quadro da Virgem e do menino. O colo elegante da Virgem excita a sensualidade. Os devotos afluem a esta igreja e nela deixam muito dinheiro. Um dia, não tinha ninguém. Intrigado, Casanova entra e constata que o novo capelão pintara um lenço no seio da Virgem. (...) Em Veneza, diz-lhe Casanova, ter-vos-iam imediatamente condenado aos Piombos por este crime. «Não conseguia dizer a missa, responde-lhe o jovem padre, porque aquele belo seio me perturbava.» Philippe Sollers, Casanova, o Admirável . Tradução de Maria Irene Bigotte de Carvalho.

Reescrever Casanova

Jean Laforgue, no século XIX, era professor de francês. Trata-se de um laico escrupuloso e sério como os que se fabricavam na época. Pedem-lhe para reescrever Casanova. Mete mãos à obra. Pára nesta frase a propósito de mulheres: "Sempre achei que aquela que eu amava cheirava bem, e quanto mais forte era a sua transpiração, mais suave ela me parecia." Laforgue reflectiu trinta segundos. Não, no século XIX (como acontece hoje, aliás), uma mulher não transpira . Corrige então esta incongruência e escreve: "Quanto às mulheres, sempre achei suave o odor daqueles que amei." Philippe Solers, Casanova, o Admirável . Tradução de Maria Irene Bigotte de Carvalho.