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Sonho corsário

Levaram-me à sede do Partido Comunista. Era uma sala ampla cheia de estantes com livros e algumas cadeiras espalhadas — parecia uma biblioteca. Fiquei tão contente que, vez de me sentar para discutir como os outros, fui investigar as lombadas. (Infelizmente já não me lembro dos títulos.)  No fim, disse a um dos camaradas:  — Não têm nenhum livro de Pasolini! — Pasolini não era do Partido*. — Era mais comunista do que vocês todos! * Foi expulso em 1949 por «indignidade moral» — no sonho não sabia disso, mas a resposta é maliciosa porque os autores dos outros livros também não eram do Partido

A nossa enxada e a nossa pá

Muitas das coisas que Cioran escreveu sobre o misticismo são úteis para perceber — ou tentar perceber — o Partido Comunista Português. Claro que qualquer militante praticante desafiar-me-ia já para uma discussão materialista sobre o assunto. Eu própria, se tivesse cartão, era capaz de o fazer. Horas e horas a esgrimir frases construídas com régua e esquadro.  Dito isto, só posso ser representada por um partido obsoleto. Li demasiado, o meu sonho é fazer ainda a revolução no passado.  A nossa enxada e a nossa pá  Nós usamos pra cavar  Cavando a nossa mina  Noite e dia sem parar

Condições de vida

Ao lutar pelo pagamento dos salários a 100% para os trabalhadores que estão em lay off ou retoma progressiva de actividade, o Partido Comunista melhorou as minhas condições de vida. Posso ligar o aquecedor mais tempo, comprar um vinho melhor e até, de vez em quando, comer bife do lombo. Assim, e sem o saber, o PCP transformou-se no patrocinador oficial das minhas traduções de Cioran até junho.  Merci, camarades!

Observações avulsas sobre a boavista #4

Há vários hotéis na avenida da Boavista e nas ruas vizinhas, mas são todos insípidos — acho que a definição que se usa nestes casos é “estilo internacional” (ver Playtime , de Tati). Onde eu gostava de passar uma noite, ou até várias noites, era na sede do Partido Comunista. O que é que se passa naquelas habitações por cima da zona comum (nem sequer sei se esta é a nomenclatura correcta — sala de reuniões, de trabalho?), por trás dos estores e das cortinas? Como é que se acede a esses andares? Quem vive lá? Durante quanto tempo?