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Larvar, dissolvente

É uma partida do inconsciente, muitas vezes quando parece que estamos a falar dos outros, é precisamente de nós mesmos que falamos. No texto de introdução do livro Identidade e Família , basta substituir uma palavra para este parágrafo se tornar um espelho elucidativo dos seus autores: «Não podemos desvalorizar os adversários da família democracia, umas vezes mais à luz do dia, outras vezes de um modo mais subtil e larvar, mas nem por isso menos dissolvente.»

Democracia

As notícias que nos rodeiam são angustiantes — apertam, literalmente, as nossas ideias, os nossos sentimentos e até o nosso corpo. Resta-nos procurar no meio desse amontoado qualquer coisa que nos dê alguma alegria, por exemplo: um novo livro do rivettiano Alexandre Andrade.  Pelo título, Democracia  vale por dois. Andar na rua com a sua parcela de liberdade ao alcance da mão, pronta a brandir como se fosse uma bandeira ou uma ferramenta que se traz num saco a tiracolo .  Força, Mafalda!

O povo

Tenho andado a pensar no que a deputada do PSD disse na noite das eleições: o que falhou foi o povo português .  Há uma classe social que tem dificuldade em se expressar (isso implica que também tem dificuldade em pensar — adiante), acho que o raciocínio completo subjacente à frase de Isabel Meireles é: o que falhou foi o povo português não ter feito  o que nós lhe dissemos que era o melhor para ele .  O que falhou, o que falhou  tremendamente  foi ele (ah, o povo português transformado em ele por oposição ao eterno poderoso  eles , a medir forças pronominais) pensar e agir pela sua própria cabeça — que pode muito bem ser o princípio de uma definição escorreita de democracia.  A frase ganha ainda outras ressonâncias contrárias, pois não só o povo não falhou como não faltou . Quando menos se espera, mesmo não seguindo os nossos desejos, aí está ele: o povo.