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Metáforas vegetais de carácter claramente sexual

«Leyla Perrone-Moisés, em um estudo intitulado Balzac e as flores da escrivaninha (...) demonstra que uma descrição nem sempre é uma temática vazia; ao contrário, (...) as «páginas descritivas não representam uma parada da narração; elas contam coisas, as coisas que são censuradas nas páginas narrativas». Por isso as descrições balzaquianas são entendidas como metáforas – vegetais – de caráter claramente sexual. Os desejos sexuais do jovem Felix de Vandenesse pela Madame de Mortsauf [em O Lírio do Vale ] são metaforizados nos buquês de flores que ele oferece a ela.» Marisa Martins Gama-Khalil, Lar Amargo Lar.

Metáfora coerente

O tecto do quarto onde guardo os livros ruiu. Olho para o buraco e vejo aquilo a que Cioran chama metáfora coerente . Mais um caso de tradução activa .  

Grand jeté

Em Wittgenstein as metáforas funcionam de modo esquisito; transferem a significação entre dois objectos distantes como é da sua competência mas, ao mesmo tempo, só que agora de outro lado, continuam a sujeitar-se ao rigor das palavras. Quando ele escreve: “Mais tarde, quando estava a copiar uma frase que tinha escrito, cuja segunda metade era má, vi-a de repente como uma metade apodrecida de maçã.” Já nem penso na maçã, vejo o texto apodrecido como um texto apodrecido. A frase tem no seu interior uma energia literal extraordinária, inapropriada, estimulante. Reconheço este mecanismo dos desenhos animados de Tex Avery. Num desenho animado podemos fazer tudo? Sim, na verdade, talvez só aí e dentro da linguagem seja possível mostrar um bailarino que salta ( grand jeté ) sem se mover. Ah, já sei quem é o bailarino.