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A mostrar mensagens com a etiqueta Normandia

Nortada

O Governo decretou a «libertação total do país», a partir de 1 de Agosto. Os jornais falam em «caminho da libertação», «plano de libertação», «libertação da sociedade e da economia». Com um pouco de imaginação, até conseguimos ouvir os ventos da Normandia a soprar nas praias da Foz.

É a vida

1. Dans un village de Normandie, un enterrement. Je demande à un paysan des précisions. « Il était jeune, à peine soixante ans. On l’a trouvé mort dans les champs. Que voulez-vous ? C’est comme ça. » Et de répéter plusieurs fois : « C’est comme ça. » Qu’aurait-il pu dire d’autre ? Que peut-on dire d’autre sur la mort ? « C’est comme ça, c’est comme ça. » L’irréparable rend stupide. (Emil Cioran, Cadernos 1957-1972) 2. A tradução mais literal é esta, quase palavra por palavra — como deve ser: Numa aldeia da Normandia, um enterro. Peço pormenores a um camponês. “Era jovem, apenas sessenta anos. Foi encontrado morto no campo. Que quer? É assim.” E repete várias vezes: “É assim.” Que mais poderia dizer? Que mais podemos dizer sobre a morte? “É assim, é assim.” O irreparável faz-nos estúpidos. 3. Pois, está muito bem, mas apetece estragar um bocado; apetece traduzir “c’est comme ça” por “é a vida”. Argumentos não faltam: a expressão é muito vulgar, transmite melhor o sentido de inevitab...

Gaivotas na Normandia

Na costa normanda, a uma hora tão matinal, eu não precisava de ninguém. A presença das gaivotas incomodava-me: afugentei-as com pedradas. Ah, os seus gritos de uma estridência sobrenatural — compreendi que era justamente isso que me faltava, que só o sinistro podia apaziguar-me, e que foi para o encontrar que me levantei antes do dia. Emil Cioran, Do inconveniente de ter nascido.