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Trotinetas

As trotinetas paradas nos passeios voltaram. Esta manhã, encontrei uma na esquina de Antero de Quental com António Cândido. Aparecem do dia para a noite, como criaturas vindas de locais misteriosos, deste ou de outro mundo. Não estão abandonadas, estão à espera. À espera de quê? O que há de mais parecido são os guarda-chuvas mutilados pelo vento, no Inverno, e que surgem um pouco por toda a parte. No dia seguinte, já não estão no mesmo sítio. «Como é que te chamas?», perguntamos-lhes. «Odradek», respondem-nos. «E onde é que moras?» «Domicílio incerto», dizem, rindo.

Odradeks

Vento e chuva. Por toda a parte, há guarda-chuvas desfeitos e abandonados pelo chão. Lembram odradeks perdidos. Tristes odradeks que se afastaram demasiado de casa e que, exaustos e ensopados, desistiram de achar o caminho de volta.