As trotinetas paradas nos passeios voltaram. Esta manhã, encontrei uma na esquina de Antero de Quental com António Cândido. Aparecem do dia para a noite, como criaturas vindas de locais misteriosos, deste ou de outro mundo. Não estão abandonadas, estão à espera. À espera de quê? O que há de mais parecido são os guarda-chuvas mutilados pelo vento, no Inverno, e que surgem um pouco por toda a parte. No dia seguinte, já não estão no mesmo sítio. «Como é que te chamas?», perguntamos-lhes. «Odradek», respondem-nos. «E onde é que moras?» «Domicílio incerto», dizem, rindo.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral