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Esculpir o tempo

Neste plano de Solaris , vê-se uma escultura de Rui Chafes (misturada com os ramos da árvore, atrás de Kris Kelvin).

Stalker

É mais ou menos a meio do filme. O stalker, o professor e o escritor estão no coração da Zona e a poucos metros do edifício em cujo interior se encontra o «quarto», esse local secreto onde os desejos mais íntimos podem milagrosamente realizar-se. O stalker explica que para lá chegarem não podem optar pelo caminho mais curto e seguirem em linha recta até ao edifício. Pelo contrário, têm que escolher o itinerário mais longo, andando às voltas, como num labirinto. O professor, homem da razão, da técnica e da ciência, aceita e respeita o absurdo da regra do stalker. O escritor, homem da ficção e da fantasia, recusa. É uma rasteira simples, mas espantosa de Tarkovsky.

Casa em chamas

Leio nos jornais que passou um ano desde o aparecimento dos primeiros infectados pelo coronavírus em Portugal. Entretanto, nos últimos dias, comentadores e analistas, de todas as classes e géneros, têm exigido do Governo um «plano de desconfinamento», para que «não se repitam os erros do passado».  Ocorre-me o final de O Sacrifício , de Tarkovski: a famosa cena da casa em chamas. Há um documentário curioso sobre a rodagem do filme chamado Sätta Ljus , de Kerstin Eriksdotter. Nesse documentário, acompanhamos a preparação e as filmagens de várias cenas, e dessa última em particular. Tarkovski e a equipa, que incluía um corpo de bombeiros e outros especialistas em incêndios, planearam tudo até ao mais ínfimo pormenor, mas houve um problema com a câmara. As imagens do rosto de Tarkovski, dominado pelo desespero, são impressionantes. Para ele, o filme só era concebível com aquela cena. O investimento era avultado. Prepararam tudo pela segunda vez. A casa ergueu-se de novo, no mesmo local. R