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Errata

A imprensa devastará o que a sífilis deixou. As causas dos amolecimentos cerebrais do futuro já não poderão ser determinadas com segurança. (Karl Kraus, na tradução de Lumir Nahodil) Primeira errata: onde se lê «imprensa», deve ler-se «televisão». Onde se lê «sífilis», deve ler-se «imprensa». Segunda errata: onde se lê «televisão», deve ler-se «redes sociais». Onde se lê «imprensa», deve ler-se «televisão».
Em contrapartida, eu tenho uma fotografia (muito gira) da Maria Filomena Molder na televisão. 

A imagem pode não corresponder

Na embalagem de ervilhas congeladas, no canto inferior direito, uma frase em letras pequenas: «A imagem pode não corresponder exactamente ao produto, sendo meramente demonstrativa.» Quantos programas televisivos não deviam ser acompanhados por uma frase semelhante? Qual a diferença entre certos noticiários da televisão e o rótulo publicitário de uma embalagem de ervilhas congeladas? Na verdade, há uma diferença no conteúdo: as ervilhas tiram a fome.

Petróleo

Na televisão, uma mulher em fuga cai junto à berma de uma estrada. A mulher cai uma vez, cai duas vezes, cai três vezes. Um tipo está sentado no estúdio a comentar. Diz qualquer coisa sobre petróleo. A realização repete a imagem em loop . A mulher cai quatro vezes, cinco vezes, seis vezes. O tipo continua a dizer qualquer coisa sobre petróleo. A mulher cai sete, oito, nove, dez vezes. O tipo fala sobre petróleo. A mulher cai onze vezes, doze vezes, treze, catorze, quinze vezes. Petróleo. Dezasseis, dezassete, dezoito. O tipo fala de petróleo.

Jogo

De quatro em quatro anos, a um domingo à noite, os comentadores de futebol, num gesto de humildade democrática, cedem o estúdio e a antena aos “politólogos”, para que estes possam analisar as incidências da jornada eleitoral: os vencedores e os vencidos, as tácticas, as jogadas estudadas, as faltas, o desempenho dos presidentes e das oposições internas, mas também o ambiente de balneário nas equipas e, sobretudo, o problema crónico da ausência de adeptos nos locais de jogo.

O horror!

Se de repente uma mão invisível desligasse as televisões e aparelhagens de som de todos os cafés, esplanadas, restaurantes, lojas, salas de espera, repartições públicas, casas, apartamentos, T1, T2, T3 Duplex, e voltássemos a escutar apenas o som da nossa voz, não nos reconheceríamos. O vazio, o silêncio, o perfil sem fotografia, a conta sem actualizações, a folha em branco, é como uma espécie de morte em vida. O horror! O horror!