Hoje a avenida da Boavista parecia um jogo electrónico antigo cheio de pistas esquisitas. Não sei se é influência do Leão de Belfort, se é deste calor exagerado, se é de acordar demasiado cedo. Logo no início, uma t-shirt branca com uma espécie de labirinto estampado na frente enfiada numa cruzeta pendurada na porta do restaurante vegetariano (acho que era o meu número); mais adiante, um pássaro cansado; junto ao bingo, um cartaz publicitário de um banco encravado a meio com esta frase à altura dos meus olhos: “nunca deixe de procurar”. Procurar o quê? Precisava de um dicionário de pistas, mas um livro desses, tão perigoso, deve estar escondido num túmulo no oriente e o Indiana Jones já está velho para resgates. Ou então; talvez seja necessário outro o género de herói? Talvez precise daqueles calhamaços que ligam uns para os outros e Groucho Marx vende nas corridas de cavalos como se fossem gelados. Ou então, pelo menos, um gelado. Isso deve servir.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral