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Dos jornais I

As autoras do estudo Como Comemos o que Comemos – Um Retrato do Consumo de Refeições em Portugal , criaram quatro grupos (não sei porquê, preferem dizer  clusters ) para explicar como nos alimentamos: gregárias emancipadas, caseiras remediadas, profissionais diligentes, universitários desengajados.  As designações são extraordinárias, mas podiam ter ido mais longe na definição — por exemplo, universitários desengajados podia ser universitários   sem gajo/gaja . • • • Parece que precisamos de Boris Vian para resolver este imbróglio das estações à esquerda . Não é difícil, basta inverter a marcha dos autocarros — uma nova acepção de negativos e uma nova maneira de encarar o trânsito urbano.

Rentrée

Sou e mereço ser esquecido. Há um limite para a indolência. Só tenho dois prazeres, não mais que dois interesses: ler e comer. Um animal-leitor, uma besta com livros. Emil Cioran, Cadernos 1957-1972
Fernando Savater: Você não abandonou apenas a sua pátria, mas também, e isso é o mais importante, a sua língua. Emil Cioran: É o maior acidente que pode acontecer a um escritor, o mais dramático. As catástrofes históricas não são nada à beira disto. Escrevi em romeno até 1947. Nesse ano vivia numa casinha perto de Dieppe e traduzia Mallarmé para romeno. De repente disse para mim mesmo: “Que absurdo! De que serve traduzir Mallarmé para uma língua que ninguém conhece?” Foi então que renunciei à minha língua. Comecei a escrever em francês, e isso foi muito difícil porque, por temperamento, a língua francesa não me convém: preciso de uma língua selvagem , uma língua de bêbado. O francês foi para mim como um colete-de-forças. Escrever noutra língua é uma experiência aterradora. Refletimos sobre as palavras, sobre a escrita. Quando escrevia em romeno, fazia-o sem me dar conta, simplesmente escrevia. Nessa altura as palavras não eram independentes de mim. Quando comecei a escrever em fra