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Gralha

Num dos textos de Grãos de Pólen , Fernando Guerreiro escreve sobre as emendas a lápis que faz nos seus próprios livros e que constituem «uma marca do seu constante inacabamento»: «Essa errata permanente do texto (...) tem a ver com o simples facto de que dou erros e que, sendo míope, mesmo revendo as provas há sempre coisas que me escapam.» A única gralha que encontrei no livro, pelo menos até agora, aparece exactamente no início desse texto. A palavra «desaparecimento» está grafada «desaparecimenrto». Não interessa se o erro é voluntário ou não. É um momento de pura epifania.

Uma outra beleza

Sangok conta ao realizador que pensou matar-se quando tinha 17 anos e só não o fez porque viu clara e inesperadamente a beleza dos rostos das pessoas na praça junto à estação de Seul. — É uma definição perfeita de epifania. No decorrer do filme há uma interpretação discreta dessa revelação quando a mulher que tira a fotografia reconhece Sangok e fica admirada com a sua beleza intacta. Também ela é tocada directamente no coração por qualquer coisa. A cena entre a miúda e a amiga da mãe que a acolhe na Alemanha em  Apresentação — em termos narrativos, muito diferente de Perante o teu rosto   — é semelhante. Descobrir a beleza dos rostos dos outros, e assim atingir um pouco a essência da vida, é um grande feito. Mas, para que tal aconteça, é necessário engendrar um novo conceito de beleza não subjugado às convenções vigentes e aborrecidas. É preciso pôr em prática uma pequena revolução (também no sentido: marcha circular de um corpo celeste no espaço, em torno de um o...