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Fechado para obras

Durante muito tempo, os livros da &etc foram impressos no Porto, na Coovaforme (Cooperativa Gráfica de Antero de Quental), que ficava perto de minha casa, no número 197 da Rua Antero de Quental. Quando a gráfica faliu, o espaço foi convertido numa pastelaria, que também vendia pão. Ou padaria, que também vendia bolos. A pastelaria fechou de repente há uns anos. O aviso mal-amanhado que colaram na porta, «Fechado para obras», está amarrotado, desbotado pelo sol e cagado das moscas. Nem livros, nem pão, nem bolos.

Como se morre

Os relatos de Como se Morre , de Émile Zola são impressionantes pela forma como a proximidade e consumação da morte são descritos sem sentimentalismos nem uma palavra a mais. Pode-se, talvez, falar de uma escrita tendencialmente crua, limpa, realista, qualquer coisa desse género. É um trabalho exemplar que sabe ainda melhor dada a alarvice que por aí circula. Apesar de ter aderido logo ao espírito da obra, aos poucos comecei a perceber que Zola incorria noutro erro, mas já lá vamos, agora passo a palavra a V.S.T. que explica bem o caso na sua nota introdutória Zola porque sim : «Aqui temos, rapaziada, e em curtas páginas, Zola no seu melhor-do-costume — cinco-narrativas-cinco onde, com precisão de antropólogo social e numa prosa particularmente eficaz no desenho de personagens, situações e ambientes (em meia dúzia de parágrafos, eis descrito o universo das diferentes classes — da aristocracia altaneira ao proletariado miserável e ao campesinato, passando pelas burguesias gorda ...

«Diante da morte, tudo é impostura»

Tenho jeito para entrar no espírito do tempo : no sábado comprei e li Como se Morre , de Émile Zola (belíssima edição da &etc com colaboração gráfica d'O Homem do Saco); e hoje estou a traduzir o que Cioran escreveu em Outubro de 1966 sobre a morte da mãe. Não pára de chover.