- Já agora, Falk, estiveste no Teatro de Djurgården? - perguntou o alto. - Não. - É uma pena. O Lundholm e o seu grupinho de escroques actuam lá de momento. Que coisinha lamechas! Não enviou bilhetes ao [jornal] A Víbora , e quando lá fomos esta noite expulsou-nos. Mas vingar-nos-emos. Gostarias de desancar naquele suíno? Aqui tens um lápis e um papel. Intitulá-lo-ei Teatro e Música, Teatro de Djurgården ; agora, podes escrever! - Mas nem sequer vi o que a sua companhia tem em palco! - Que diabo tem isso que ver com isto? Nunca escreveste sobre coisas que não viste? - Não, nunca o fiz. Denunciei casos de corrupção, mas nunca ataquei pessoas inocentes. E não conheço a companhia. - São uns imprestáveis. Não passam de refugo! - confirmou o gordo. - Afia o lápis e espeta-o onde dói; és bom a fazê-lo. - Porque não o esfaqueiam vocês mesmos? - Porque os tipógrafos conhecem o nosso estilo e trabalham amiúde como actores secundários no teatro, à noite. August Strindberg, O salão verme...
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral