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Depois do fim dos contos de fadas

(...) Tendo em conta que vários escritores e personagens literárias tiveram profissões semelhantes, vamos chamar-lhe R. W.  (...) será que R. W. só conseguia escrever disfarçando que estava a escrever, enganando-se a si mesmo e à linguagem, a ponto de nem a linguagem nem ele já acreditarem que escrevia? (...) Com esta solução, talvez também R. W. estivesse a empurrar o sentido para longe, em vez de o tornar explícito. Talvez temesse ou desprezasse o sentido. Sentir-se-ia mais próximo das coisas sem sentido ou condenado a elas? Só sabemos que já não queria copiar nem passar coisas a limpo. R. W. não servia para o que os outros queriam — e «aquilo que os outros querem» é uma boa definição de «sentido».  (...) Walter Benjamin — chamemos-lhe W. B. — comparou as personagens de R. W. com as figuras dos contos de fadas, porém depois do fim dos contos de fadas: já passaram por todas as metamorfoses e todos os sofrimentos e percursos que tiveram de cumprir dentro da lógica dos contos de fadas,

Cismar

(...) Naquele tempo, ainda se usava um sinónimo ligeiramente depreciativo do verbo «pensar»: de acordo com a avó, que já não vivia noutro continente, a mãe passava o tempo a «cismar». É um verbo que aparece nos poemas de Florbela Espanca. Cismar é o que acontece quando o pensamento não vai a lado nenhum. Em vez de progredir, o pensamento repisa e repete, sem conseguir avançar. Quem cisma não encontra o que não perdeu, mas continua a insistir. Se pensar é procurar coisas que não sabemos que estão lá, cismar é procurar coisas que sabemos onde estão.(...)

Sapatos vermelhos:

Ponto 1. Reconheço, tenho um grande interesse por sapatos. Pelo objecto (desenho, materiais, classificação, desgaste), mas principalmente pelos conceitos que se podem associar aos sapatos, que aliás estou sempre a associar (deve haver uma sociedade qualquer — inglesa, sem dúvida — sobre este tipo de relações intelectuais com sapatos). Ponto 2. ( en passant ) O ponto anterior explica porque fiquei tão contente quando descobri a  faca de papel#7 sobre sapatos vermelhos  (entre outras considerações). Obrigada, Alexandra. Bravo!