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Empires

My grandmother prophesied the end Of your empires, O fools!  She was ironing. The radio was on. The earth trembled under our feet. Someone important was giving a speech.  “Monster!” she called him.  There were cheers, long applause for the monster.  “I could kill him with my bare hands,”  She announced to me.  There was no need to. They were all  Going to the devil any day now.  “Don’t go blabbering about this to anyone,”  She warned me.  And pulled my ear to make sure I understood. Charles Simic

— Branca Flor, já dormes?

Aguento horas e horas sem dizer uma palavra. Quando era miúda, a minha avó perguntava-me, na brincadeira, se estava viva ou morta. Eu ficava ainda mais quieta e calada; depois desatávamos as duas a rir. Às vezes, para espairecer, preciso de repetir esta cena — agora desempenho os dois papéis.

A classe operária apanha o elevador e sai no 13º andar

Não sou de comprar muitas coisas. Nunca fui. Vivo no mesmo apartamento há trinta anos; o carro tem mais de vinte. Roupa, só a necessária. Tralhas para a casa, nem pensar. Houve um tempo em que comprava livros e filmes, mas também me deixei disso (vou à biblioteca ou releio, aborreci-me um bocado com o cinema). Deixei de fumar. Aproveito tudo até ao fim, consumo cada vez menos. Neste momento só gasto dinheiro em coisas básicas tipo água, electricidade, de comer e beber, transportes, dentista. Apesar do rendimento familiar ser baixo, sobra mais ou menos um terço todos os meses — sem esforços. O dinheiro serve-nos para pouco. Já fiz as contas, quando ficar sem emprego (não falta muito) posso viver dos rendimentos. Pareço a minha avó que com pouca comida, enchia uma mesa; e com uns trocos, juntava dinheiro. Uma versão letrada e manhosa da minha avó.