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Little gray man

Foi pelo efeito tronante que Rui Moreira chamou “o Putin de Paranhos” a Alberto Machado. É uma descrição inexacta; já sigo a carreira do militante do PSD de Paranhos há algum tempo (assim como segui a ascensão do Marco António em Valongo, atraem-me as personagens secundárias) e acho mais adequado roubar a expressão ao Errol Morris e chamar-lhe little gray man . Ou, traduzindo para português de rua: uma ratazana .

Ou amendoins

Cioran rende muito, para além das traduções ainda dá para notas de tradução: Ao traduzir os textos de Cioran sinto-me como quando era miúda e calçava os sapatos prateados da minha mãe. Agora os sapatos servem-me, mas continuam a não ser meus. Não basta a actividade intelectual — para entender melhor as palavras de Cioran é preciso ter um historial clínico dinâmico. As traduções de Cioran beneficiam: de uma falta de trabalho crónica, da luz que entra pelas janelas, do efeito do café forte, do som arrastado dos barcos no rio e, acima de tudo, da presença de uma ratazana gorda no jardim. Sempre que Cioran escreve sobre Deus e o princípio do mundo, é como se estivesse a falar de um caso policial. Para me livrar do tédio, entretenho-me a traduzir silogismos ao acaso. Nesta frase, Cioran apenas aprovaria “ao acaso”. — O tédio, quando surge, deve ser aproveitado devagar, até ao fim, para além do fim.