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A mostrar mensagens com a etiqueta Luís Miguel Cintra

Uma coisa viva

(...) À Sophia apaixonava-a um trabalho rigoroso das palavras mas sabia como ninguém que a língua é uma coisa viva, parte fundamental do pensamento, e gostava que o trabalho de fazer os acertos na tradução permitissem conversas que as próprias palavras suscitavam. Para se perceber as suas escolhas de tradutora tem de se entender a sua ideia de tradução: uma verdadeira interiorização, até musical, do texto inglês e a resposta — como se fosse um eco que falasse português e que tantas vezes parecia tradução literal, sendo no entanto o resultado de uma escolha não a favor da fidelidade literal mas sim de outra fidelidade mais inteligentemente entendida, a fidelidade de encontrar em português uma linguagem teatral para um texto destinado a ser representado e a uma poética sua, fiel à de Shakespeare. (...) Luís Miguel Cintra, prefácio a «Muito barulho por nada»

Com a agilidade de um verdadeiro caçador diante de sua presa

Já desisti de Serralves há alguns anos. Basta-me trabalhar em Nevogilde para exceder a quota de tias e sobrinhos que consigo suportar. Prefiro a parte oriental da cidade com as suas misturas e pobreza, prefiro as ruas com algum lixo ao museu imaculado. A inauguração da Casa do Cinema Manoel de Oliveira é igual à Sociedade das Nações Unidas descrita por Albert Cohen, tudo gente muito bem e adequada à função. O único tipo que se salva na mole é o Luís Miguel Cintra. Agradeço a Adriano Miranda esta fotografia magnífica (guardar). Com ar de conspirador ou caçador, Luís Miguel Cintra parece compadre dos Valorosos. Gostava que fizesse um discurso verdadeiro, verdadeiro mesmo, daqueles que fazem tremer os ossos, deitam pedras abaixo e afugentam os espíritos delicados. Ele está-se nas tintas. Também está bem assim.