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A mostrar mensagens com a etiqueta Edgar Allan Poe

1.º Maio

Se as denominações não estiverem correctas, se não corresponderem à realidade, a linguagem não tem objecto. Quando a linguagem não tem objecto, a acção torna-se impossível, e, por conseguinte, as empresas humanas desintegram-se: é impossível e vão geri-las. É por isso que a primeira de todas as tarefas de um verdadeiro homem de Estado consiste em rectificar as denominações. Quando Confúcio propõe rectificar as denominações como primeira tarefa para governar, está certo e fora do seu tempo — na eternidade, dir-se-ia  ( la mer allée avec le soleil ). Nós continuamos à espera que as rectificações sejam feitas. É preciso lutar por uma revolução na linguagem que não venha do mundo sinuoso e fraudulento das finanças nem de ideias políticas mesquinhas. ( Il est démontrable que chaque mouvement imprimé à l'air doit à la fin agir sur chaque être individuel. ) Ainda não experimentamos a fundo o poder da linguagem.  

Observações avulsas sobre matosinhos sul #65

Não tenho medo da minha sombra, é até uma das partes do meu corpo (?) que prefiro. Mas há bocado, vinha a caminhar junto à Casa de Arquitectura, de sul para norte, apercebi-me de duas sombras gémeas na parede à minha direita, uma no encalço da outra e estremeci — como quando lia as histórias assustadoras de Allan Poe.

Tenho a certeza de que os escreveu bêbado

(...) O que me leva ao assunto embaraçoso do que não li e não me influenciou. Espero que nunca ninguém me pergunte isso em público. Se o fizerem, tenciono parecer misteriosa e murmurar "Henry James Henry James" — que seria a mais completa mentira, mas não importa. Não fui influenciada pelos melhores. As únicas coisas boas que li quando era criança foram os mitos gregos e romanos que saquei de uma colecção de enciclopédias infantis chamada “O Livro do Conhecimento”. O resto era uma Lavagem com L maiúsculo. O período Lavagem foi seguido pelo período Edgar Allen Poe que durou anos e consistiu principalmente num volume chamado “Os Contos Humerísticos de E.A. Poe”. Eram extremamente humerísticos — um era sobre um jovem demasiado vaidoso para usar óculos, por causa disso casou-se, sem querer, com a sua avó; outro era sobre uma bela figura de homem que no seu quarto tirava os braços de madeira, as pernas de madeira, a peruca, os dentes postiços, a prótese fonatória, etc.; outro sob

In the face of a purifying terror

“O Calafrio Permanente” (The Enduring Chill) parece o título de um conto de Edgar Allan Poe. Mas as semelhanças não se ficam por aí. O catolicismo de Flannery O’Connor é tremendo e prolonga-se para além do fim — como nas histórias de terror de Poe. O Espírito Santo que assusta Asbury no último parágrafo é tão terrível como a figura humana enorme e branca como a neve que encerra as “Aventuras de Arthur Gordon Pym”. Flannery O’Connor obriga a palavra “salvação” a fazer triplos mortais consecutivos. (...) It was then that he felt the beginning of a chill, a chill so peculiar, so light, that it was like a warm ripple across a deeper sea of cold. His breath came short. The fierce bird which through the years of his childhood and the days of his illness had been poised over his head, waiting mysteriously, appeared all at once to be in motion. Asbury blanched and the last film of illusion was torn as if by a whirlwind from his eyes. He saw that for the rest of his days, frail, racked, bu