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Une chute oblique, très douce.

Prefiro sempre ir ao cinema sozinha. Mas no caso de Sob o Sol de Satanás , podia ter ido com Cioran. Acho que ele ia gostar daquela viagem nocturna em que o padre Donissan encontra a encarnação de Satanás: um tipo que anda por aí, de um lado para o outro, por conta de um negociante de cavalos. 

Imersão na lama

Depois do ciclo integral de Hong Sang-soo numa estância de verão abandonada, lembrei-me agora de lançar um curso prolongado e decadente sobre o Tango de Satanás .  Uma turma fechada numa casa velha no cu de Judas — duas ou três  semanas. Tinha de chover ininterruptamente. Vento também, forte e em grande quantidade. Comíamos batatas com paprika e bebíamos pálinca como se seguíssemos o método Stanislavsvki. Líamos e discutíamos os capítulos sem ordem nenhuma. Podíamos começar pelo fim, quando o doutor descobre o que é a escrita — a música que ele ouve também vem de Shakespeare, pois claro, que a vida não é só a realidade. Depois passávamos para o capítulo anterior e ia ser uma diversão encontrar retratos corrosivos da academia e da crítica literária naquelas personagens burocráticas que afinam os relatórios pidescos (Kraszhahorkai é um bocado exagerado mas também um cómico). Deus podia ser uma teia de aranha como em certos filmes e o diabo um estado de alma quebrada ou um ritmo...