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A mostrar mensagens com a etiqueta Feira da Vandoma

Morrer no Verão, nunca!

Esta manhã, fui à Vandoma e comprei um Mishima que ainda não tinha: Morte em pleno Verão . O livro parece ter pertencido a dois leitores ou leitoras antes de mim. Na folha de rosto, e numa espécie de comentário ao título, o primeiro escreveu: «Que a dita [morte] seja só no Verão e depois da minha. Natal 88.» Mais tarde, o segundo acrescentou: «No Verão nunca! Talvez no Outono, mas com chuva e no ano de 2500 d.C.»

Partita

Esta manhã, reabriu a Vandoma. Numa banca, um tipo vendia um violino «Stardivarius».

Cartas de amor

A fotografia estava entre as páginas de um livro que comprei na Vandoma. Uma edição brasileira de «Contos Soviéticos» , de 1944 (Empresa Gráfica «O Cruzeiro», Rio de Janeiro). Não tem nenhuma informação na frente ou no verso, mas foi tirada em Portugal, certamente entre os anos 70 e 80. O livro também não está assinado. O edifício que enquadra a imagem parece ser uma fábrica. Quem são estes personagens? Operários da fábrica? Administrativos? Membros da direcção? Porque decidiram eles fazer as fotografias do casamento (presumo que após a cerimónia religiosa) no cenário cinzento da fábrica e não, como se fazia na época, na praia ou num jardim? Que idade teriam eles? Vinte e poucos? Trinta? Hoje terão sessenta, setenta. Estarão vivos? Tiveram filhos? Para onde corriam? Ou de que passado escapavam eles? O corpo do homem parece querer levantar voo e levar a rapariga com ele. O livro inclui uma história de Nadejda Aleksandrovna Lokhvitskaya, escritora muito pouco «soviética», que se exilou

Últimas aquisições

No n.º 35 da «Imagem - revista de divulgação cinematográfica», datado de Novembro de 1960, Eurico da Costa e Manuel Villaverde Cabral, no «quadro da crítica», despacham «Intriga Internacional», de Alfred «Hitchkock» (sic) com duas rotundas bolas pretas, quer dizer, com a classificação de “sem interesse”. Alberto Seixas Santos, mais generoso, dá ao filme duas estrelas em quatro possíveis, que correspondem à classificação de “Bom”. Mais à frente, no artigo de crítica ao filme, Seixas Santos afirma: «Não sou dos que tomam o nosso autor por um génio da metafísica, mas não quero também cair no pecado contrário e julgá-lo um imbecil.» O n.º 273 do «Jornal de Letras & Artes», de Janeiro de 1970, abre com um anúncio de página inteira do Banco Pinto & Sotto Mayor intitulado «Esclarecimento sobre o Cartão Sottomayor», onde se explica o funcionamento do cartão de crédito bancário, «processo novo em Portugal, mas utilizado já em larga escala num grande número de países.» «Consist

Poetas da própria existência

(...) 8-11-82 (Para substituir o exemplar de há mais de 30 anos — talvez 1.ª ed. — de que agora dei pela falta.) Dedicatória na primeira página de Três poetas da própria existência , de Stefan Zweig, livro que encontrei, entre bibelôs de porcelana, sapatos de senhora e calças de ganga usadas, na Feira da Vandoma. A dedicatória, dirigida a si mesmo pelo antigo proprietário, está escrita numa letra delicada e perfeitamente legível. A única coisa que não consigo perceber é o nome. Tenho muitos livros comprados em feiras de usados e alfarrabistas, com toda a espécie de dedicatórias, frases sublinhadas e notas, escritas por leitores que nunca conheci e de quem nada sei. Leitores que, na sua maioria, já não fazem parte deste mundo, mas cujas marcas persistem nas minhas leituras e, por isso, na minha vida. Dir-se-ia uma outra literatura que avança em paralelo com a das páginas impressas. Em que lugares, em que circunstâncias, a que horas do dia e da noite todos estes leitores mergulha