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Fuga

O vento frio lança os ramos do plátano contra o vidro. A velha árvore parece querer abrigar-se, folha a folha, dentro do escritório. Mas talvez não seja isso. Talvez seja o contrário: um convite desesperado para sairmos e escaparmos de vez ao triste clima temperado dos gabinetes.

Algumas traduções de Robert Walser

Da experiência do blogue anterior, aquilo que mais gostei de fazer foi traduzir. Walser, Cage, Panero, Michaux, Cioran. Pôr-me na sombra ou sob alçada é um descanso e ao mesmo tempo uma luta inquieta. Às vezes penso que devia ter seguido essa profissão, mas depois percebo que não é bem assim porque só gosto de traduzir o que gosto de ler (de preferência coisas curtas), porque sou muito lenta e faltam-me os estudos necessários (isso explica as imperfeições). Morreria à fome como a chinesa. Entre 2005 e 2006 traduzi seis textos e mais um resto de Walser a partir de versões inglesas. Vou agrupá-los aqui: A música A música é a coisa mais doce do mundo. Adoro notas musicais. Correria mil léguas só para ouvir uma. Muitas vezes, no Verão, quando passeio pelas ruas e ouço o som de um piano vindo de uma casa desconhecida, paro, pronto a morrer ali mesmo. Gostava de morrer a ouvir um pouco de música. Imagino isso tão fácil, tão natural, mas claro que é impossível. As notas apunhalam-nos mu