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O risco de morrer de competência

(...) Uma escola mais difusa, resultante de uma mistura destes processos, é analisada num dos livros mais interessantes dos últimos anos sobre história e produção literária: "The Program Era", de Mark McGurl — sobre o impacto dos programas universitários de escrita criativa na ficção americana do pós-Guerra. Um dos efeitos desse regime, simultaneamente descritivo e prescritivo, foi a elevação da pura técnica a telos, e a consolidação de um conjunto de princípios didácticos numa doutrina de composição: o estilo "Hemingway-light" que dominou parte significativa da literatura dos Estados Unidos — principalmente no conto — a partir da década de 1950, e que permitiu a centenas de pessoas construir uma carreira a escrever como Raymond Carver ou (num caso em concreto) a ser Raymond Carver. O modelo será mais ou menos familiar. Relações problemáticas ou terminais. Uma casa nos subúrbios dos subúrbios. O marido (Hank ou Herb) a beber no sofá, atormentadamente. A mulher (Ji

Trinitarianismo literário

Sempre tinha adorado Hemingway e passei grande parte do tempo na universidade a fazer imitações de Hemingway. Quando me cansava, fazia uma imitação de Babel. Às vezes imitava Babel, supondo que Babel tivesse vivido no Texas. Às vezes imitava Carver, supondo que Carver tivesse trabalhado (como eu) nos campos petrolíferos de Sumatra. Às vezes imitava Hemingway, supondo que Hemingway tivesse vivido em Syracuse, o que acabava sempre por me soar a Carver. George Saunders, na Nota de Autor de  “Guerracivilândia em Mau Declínio” .  Tradução de Rogério Casanova para a Antígona. Janeiro de 2019. Páginas 201 e 202.