Ao longo dos tempos, e por causa dos vincos que a bíblia deixa na nossa vida, o acto e as consequências de fazer-se luz têm sido exagerados. Nem sempre é pelo esclarecimento que se compreende o obscuro ou duvidoso. Muitas vezes, é precisamente do oposto que precisamos: que caia uma sombra ainda mais profunda sobre aquilo que não sabemos para, talvez assim, chegar a perceber alguma coisa. Mesmo que isso não nos dê a capacidade de explicar, apenas um espanto — mas um espanto carregado de intuições. Se calhar era isto que a psicanálise procurava.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral