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Ban, Ban, Calibã!

O título, Calibã e a Bruxa , inspirado na peça A Tempestade , de Shakespeare, reflete esse esforço. Na minha interpretação, no entanto, Calibã não apenas representa o rebelde anticolonial cuja luta ressoa na literatura caribenha contemporânea, mas também é um símbolo para o proletariado mundial e, mais especificamente, para o corpo proletário como terreno e instrumento de resistência à lógica do capitalismo. Mais importante ainda, a figura da bruxa, que em A Tempestade fica relegada a segundo plano, neste livro situa-se no centro da cena, enquanto encarnação de um mundo de sujeitos femininos que o capitalismo precisou destruir: a herege, a curandeira, a esposa desobediente, a mulher que ousa viver só, a mulher obeah que envenenava a comida do senhor e incitava os escravos à rebelião.  Calibã e a Bruxa, de Silvia Federici.

A hipótese da falha tectónica

Talvez a grande força do cinema não esteja em saber contar uma história, como tantos reinvindicam, mas em conseguir instaurar uma fractura estrutural catastrófica. Afastar-se do território manso das narrativas e caminhar para zonas mais insólitas nem é tanto uma coisa do futuro mas de um passado muito antigo e esquecido. (E é por isso que alguns filmes parecem obras de bruxas.)

Da nuvem à resistência

A projecção dos filmes de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub integral e por ordem cronológica é um acontecimento notável.  No entanto, passada a primeira euforia fico a pensar se não seria necessário um gesto mais incisivo para os homenagear. Uma mulher que percebe o que são as bruxas:  Quando damos de comer aos gatos em Roma, compreendemos o que se passava com as bruxas; muitas vezes tinha a impressão que era a minha pele que estava em jogo. Aí, dei-me conta que havia mulheres que, porque observavam as estrelas à noite, porque apanhavam ervas de noite, porque os gatos as seguiam... foram queimadas. É isto as bruxas! E que explica: O que nos interessa, são as pessoas que dizem os textos de Pavese, o que elas fazem na vida, a maneira como dizem os textos, os problemas que têm com aquilo que dizem, e por isso, bruscamente, aquilo que eles dizem já não é de Pavese mas sim do sujeito que o diz e que, no começo, nem sabia quem era Pavese. O único interesse do texto ou daquilo a que chamas

Fazer um bocado de arqueologia

Ao ler a entrevista de Paulo Nozolino , as coisas que ele diz sobre o Mediterrâneo, aquela fotografia do rochedo — ah, é uma alegria estranha perceber que conseguimos adivinhar certas relações invisíveis. Deve ser isto que as bruxas sentem.