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Ninguém acreditará que isto seja tão importante para a nação

O cinema de Pedro Costa tem uma organização do espaço muito própria. Em Vitalina Varela , por exemplo, aproxima-se de um brutalismo orgânico que preserva as texturas e as cores degradadas de um jeito comovente (se houvesse coragem, em cima dessas casas mal levantadas, poderíamos construir verdadeiras casas do povo, à margem da formatação deprimente dos bairros sociais). É raro encontrar equivalentes no Porto, mas há uns tempos descobri uma prolongação dessa arquitectura indisciplinada no número 46 da rua Monte Cativo (belo nome!). Até chegarem os investidores, aquela brecha é território do Pedro Costa e dos gatos. De vez em quando, passo por lá para desentorpecer os olhos.

Gosto deste ambiente de lojas de colchões, garagens.

“Há um momento em que Manuel Graça Dias é imbatível, no sentido em que ele comunica, fala, escreve e desenha de um modo que é diferente”, afirma Jorge Figueira, tese que defende no seu livro A Periferia Perfeita, pós-Modernidade na Arquitectura Portuguesa (1960-1980). Nesse momento, na passagem dos anos 80 para os anos 90, “quando está a fazer as primeiras obras, quando escreve em O Independente, quando faz o Pavilhão de Sevilha, ele é o arquitecto mais alegre, mais radioso, mais interveniente, mais arguto ”.  Mostra a uma geração de jovens estudantes e de arquitectos recém-formados que há uma forma diferente de ser arquitecto e de fazer arquitectura portuguesa. “ Coloca o quotidiano na arquitectura, o pequeno episódio, as incongruências, aquilo que não é necessariamente bonito e aceite pelo bom gosto. Ele coloca tudo isso como matéria da arquitectura, passível de ser lido e abraçado pelos arquitectos” , continua Jorge Figueira. Texto de Isabel Salema, fotografia de Nuno ...