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A mostrar mensagens com a etiqueta F. W. Murnau

Le Train Bleu

— Gosto tanto deste sítio. Quando estou de mau humor, venho para aqui, creio que sou o melhor cliente. Só há pessoas de passagem. Parece um filme de Murnau. Nos filmes de Murnau há sempre uma passagem: da cidade ao campo, do dia à noite. Tudo isso existe aqui. À direita, os comboios, o campo; à esquerda, a cidade. Parece que não há um grama de terra, nada mais do que pedra, betão, viaturas.

Três imagens

O botão dourado que cai do uniforme do porteiro do hotel Atlantic, em O último dos homens , de Murnau. Digo «dourado» porque imagino que não possa ter outra cor. O botão cai com o mesmo estrondo com que desaba um homem do tamanho de Emil Jannings. O estômago de Maling, personagem de Graham Greene, que apanha sons duma maneira espantosa e torna a emiti-los após as refeições, sob a forma de «ruídos estomacais», como um papagaio. O estranho estômago é capaz de reproduzir um concerto de Brahms, repetir um discurso ou imitar a sirene de um alarme. O remédio que o velho pastor da Calábria toma todas as noites antes de se deitar, no filme de Frammartino: pó de igreja dissolvido em água. As palavras não ajudam. É preciso ver.