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Andar em círculos

Fomos ao Trindade rever Underground , de Kusturica. Na minha memória, era o último filme do realizador que ainda valia a pena ter em conta. Meia desilusão. O último terço do filme já anuncia o Kusturica grotesco, reaccionário, ubuesco, no pior dos sentidos. Tinha bons motivos para ter esquecido essa parte. Há, no entanto, uma cena que quero reter: a cadeira de rodas com os corpos dos velhos amantes em chamas, às voltas, sem parar, em torno de um crucifixo com o Cristo tombado. Pouco importa o que está imediatamente antes e o que vem depois. Quero fixar apenas essa cena. Lembra-me a carrinha a rodar em círculos, sem ninguém ao volante, de Os Anões Também Começaram Pequenos , de Herzog. Ou os carros na rotunda em Playtime , de Tati. Mas uma cadeira de rodas em chamas à volta de um crucifixo mutilado é outra coisa. É a imagem do relógio do mundo, movido a ódio, cegueira e violência.

Violência histórica I

Fiquei completamente espantada com a violência contida nos filmes de Kinuyo Tanaka. Tem a ver com as propriedades do melodrama, claro — mas não é só isso. A força que oprime as personagens não vem apenas do argumento, mas de uma outra história mais longínqua e perigosa.

Asco

Não tenho palavras para expressar o asco que a reportagem sobre a violência racista de polícias e militares da GNR, publicada ontem no jornal , me provocou. Asco, asco, asco. Asco até à última das minhas células. Não sabia que Mamadou Ba vive hoje no Canadá. Teve de sair do país e da sua cidade para conseguir «respirar», e proteger a própria vida. Não sei o que dizer. Nós continuamos por aqui, mas é como se vivêssemos num país de conto de fadas. Um dos mais seguros do mundo. O país onde não há racismo nem nunca houve. Onde ninguém é racista. Asco.

Facebook permite temporariamente posts violentos contra tropas russas ou que peçam morte de Putin.

A Meta [empresa do facebook] vai permitir, ainda que temporariamente, que os utilizadores do Facebook e do Instagram de alguns países clamem por violência contra soldados russos. Esta informação consta de uma série de e-mails a que a agência Reuters teve acesso nesta quinta-feira e que falam de uma mudança temporária na política de discurso de ódio das plataformas. A empresa de redes sociais também vai autorizar a divulgação de publicações que peçam a morte dos presidentes russo, Vladimir Putin, ou bielorrusso, Alexander Lukashenko, em países como a Rússia, Ucrânia e Polónia, de acordo com um conjunto de e-mails internos enviados para os moderadores de conteúdos. (...) Foi dito ainda que os apelos à violência contra os militares russos são permitidos quando a publicação se refere claramente à invasão da Ucrânia. Estas mudanças temporárias nas políticas da empresa aplicam-se na Arménia, Azerbaijão, Estónia, Geórgia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia, Rússia, Eslováquia e Ucrâ

A violência e o escárnio

Um puma prepara-se para atacar uma doninha fedorenta. Parece fácil, o felino aproxima-se da presa cheio de langores e cálculos; a doninha protege-se com uma dança frenética e um cheiro nauseabundo. Contra todas as expectativas, as armas psicadélicas da doninha resultam e o puma desiste. Vi isto num documentário sobre animais, mas faz lembrar as histórias de Albert Cossery — uma outra forma de encarar o inimigo.