Não são apenas os erros, quando leio o que escrevi nem sempre reconheço o sentido original, noto desvios — às vezes não percebo nada. Deve ser por isso que escrevemos, para encontrar essa sensação esquisita de chegar a um território desconhecido, para perder a estabilidade. Mas há mais: indiferente à nossa vontade, a língua movimenta-se como uma coisa viva — uma serpente. A escrita contendo em si um arrepio de medo e exaltação.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral