E logo a seguir disse aos seus correligionários que aquela pequena nuvem, lá em cima, lhe recordava o ilustre dramaturgo inglês Shakespeare. Depois apontou para uma poça de água e afirmou com desembaraço aos velhos pasmados que ela “continha o ambiente de certos romances de Georges Sand”. — Instruído, baliu o centenário, sacudindo debilmente a sua mão enrugada. — Deus to guarde, ó Abraão, disseram os outros, maravilhados. E Jónatas continuou a brilhar, a mostrar como estava armado para a vida com os dons do espírito, para a imensa glória do seu gordo e inchado pai, que o olhava com frágil meiguice de apaixonada, e sorria nesciamente, enfeitiçado por aquele quase-Messias que pusera neste mundo. Trincapregos, de Albert Cohen, tradução de Pedro Tamen, Contexto, outubro de 1999, página 50.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral