Ao atravessar Damião de Góis a caminho da Lapa, passo por um gigantesco outdoor de propaganda de um candidato à Câmara do Porto. Há dezenas de pombos pousados no topo da estrutura. Ocorrem-me, então, as palavras de Buñuel sobre Simão do Deserto : «Era um projecto que eu tinha há muito tempo, desde que Lorca me tinha dado a ler a Legenda Aurea [de Voragine]. Ele ria-se muito quando lia que ao longo da coluna os excrementos do eremita pareciam cera escorrendo por uma vela.»
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral