Alguém descobriu que um antigo funcionário, que tem estado doente e cujas baixas têm sido prolongadas repetidamente, se entretinha a redigir registos falsos e a inseri-los no sistema. Por causa disso, existem neste momento milhares de livros fictícios catalogados entre os verdadeiros. Alguns têm um título tão absurdo que saltam à vista, outros confundem-se com os legítimos devido à plausibilidade — o que não é pequeno feito, porque simular a banalidade e a conformidade é uma proeza que não está ao alcance de todos. E ele mencionou de memória, para meu deleite, alguns exemplos: Contributos para Uma História da Regulamentação da Talassoterapia na Província da Pomerânia; Diálogos Imaginários entre Santo Agostinho e Buster Keaton; Raízes Históricas do Hábito de Depilar as Sobrancelhas; Confissões de Um Amestrador de Colibris; Testemunhos Fraudulentos sobre Eclipses Lunares; Pode o Feldspato Ser Considerado Um Fetiche? Democracia, de Alexandre Andrade (página 342).
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral