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Domingo

Dissolução do parlamento, avisos meteorológicos, dia das bruxas, miúdos disfarçados de monstros, bombeiros em alerta, luta no interior dos partidos, chuvas fortes e permanentes, ministros de saída, preços da energia, comentadores e politólogos, mil vampiros nas montras das lojas, aranhas e ratazanas de plástico, guarda-chuvas, dores nas costas, dores nas costas, dores nas costas.

Ontem

Talvez tenha sido o dia mais quente do ano. Cheirava a Verão. Decidimos sair um pouco para apanhar sol e desentorpecer as pernas. Na rua, as pessoas afastavam-se umas das outras com um silêncio envergonhado, que dissimulavam atrás das máscaras. Um saco do lixo descia a Lapa aos saltos, entre duas gaivotas enlouquecidas.

Relógios

Dir-se-ia que o domingo não passou de um sonho. Sem horas, sem minutos. Um sonho de paredes brancas e relógios sem ponteiros, como no pesadelo que anuncia ao Prof. Isak Borg a sua própria morte.

Domingo

O bairro está deserto. As gaivotas desceram dos telhados e ocuparam os passeios. Andam para a frente e para trás como turistas pasmados. Conseguimos ouvir o melro e o vento a sacudir os ramos da magnólia. Um caracol pode atravessar a rua sem perigo.