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A mostrar mensagens com a etiqueta Virgilio Piñera

Bakakai

Começo a ler a primeira edição de Bakakai em português. Tenho a impressão de estar a ler os contos de Virgilio Piñera. Ou será o contrário? Ao ler os contos do Piñera, estou na verdade a seguir a imaginação de Gombrowicz?

Algures a meio

Em O Sabor da Cereja , de Kiarostami, há um personagem que procura desesperadamente alguém que o ajude a morrer, numa espécie de suicídio assistido. Em 3 Rostos , de Panahi, há um personagem que procura desesperadamente alguém que o ajude a viver, simulando para isso um suicídio. Ambos os caminhos são estreitos. Só passa um personagem de cada vez. Um desce a encosta escarpada, o outro sobe. E algures a meio, no coração misterioso do mundo, o destino dos dois funde-se, como no conto do Virgilio Piñera.

Messias e rinocerontes

Numa peça de 1948, Virgilio Piñera conta a história de um simples barbeiro de bairro, chamado Jesus , que os vizinhos declaram tratar-se do novo Messias. O pobre barbeiro rejeita tal predicado e nega todos os milagres que lhe atribuem. Os discípulos, porém, transformam cada coincidência (os pais chamam-se Maria e José) e cada palavra de Jesus num motivo de encantamento. Ora, vítima de tão excepcionais e involuntárias circunstâncias, vê-se forçado a enfrentar o fanatismo popular e a proclamar a sua condição de “Não-Jesus”. Desta maneira, nega não apenas a sua condição de Messias, mas também a sua própria identidade, uma vez que efectivamente se chama Jesus. O problema assume proporções inimagináveis: o Vaticano envolve-se no assunto (aconselha-o a não confirmar nem a desmentir a fé do povo na sua suposta natureza divina, Vox populi vox Dei ) e as autoridades públicas exigem-lhe que realize façanhas prodigiosas. Por compaixão, ajuda algumas pessoas que lhe pedem milagres e que, por iss...