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O público

Novembro de 1962. O crítico de teatro Carlos Porto, a propósito da encenação de As Bruxas de Salém , no Teatro Nacional D. Maria II, queixa-se do público: «Rir quando num palco se vivem momentos de tragédia, não é digno do público de uma capital.» Nenhuma destas palavras envelheceu um segundo. O riso nas plateias continua a pontuar as cenas mais trágicas. E o público da capital continua a ser, sem sombra de dúvida, o mais sofisticado do país. Imagine-se a onda de gargalhadas que As Bruxas de Salém não desencadeariam num teatro de São Pedro da Cova. Felizmente, não há teatros em São Pedro da Cova.

Falar de cor

Há vários dias que leio em diferentes textos do Público a expressão «de cor» para designar as congressistas norte-americanas que Trump insultou com a ideia estúpida de «send her back». A que raio de «cor» é que os jornalistas se referem? Branca, preta, amarela, vermelha, às bolinhas azuis? Há pessoas «de cor» e pessoas sem cor? E as pessoas que não são «de cor» são como espectros? São transparentes? Ou têm cores estranhas como os mortos-vivos do George Romero?