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Selfie XVI

Vim a pé desde a estação da Senhora da Hora até Matosinhos Sul. São 3,7 km, mas precisava de andar muito mais. Andar* é a minha forma de ser transcendente. * Ou traduzir Cioran, mas traduzir Cioran equivale a uma caminhada de vinte, trinta, cinquenta ou mais quilómetros.

Uma citação e duas notas

Mas o público de cinema adora os artifícios emocionais, diverte-se participando emocionalmente nos filtros artificiais, e não se pode deixar de compreender quem sai a correr de Diário de um Pároco de Aldeia pelo mesmo motivo que de Sleep (1964), de Warhol — são filmes pura e simplesmente demasiado «chatos». O Estilo Transcendental no cinema (página 138), de Paul Schrader.  Em Bresson e a sua personalidade , na página 157, directa ou indirectamente, Paul Schrader atira as seguintes classificações ao cineasta: estilista consumado, excêntrico, mórbido, hermético, estranho e obcecado com os dilemas teológicos, reaccionário cultural, revolucionário artístico, fanático religioso obsessivo, uma figura romântica, inquieta e torturada, forçado a viver as suas neuroses na tela, inadaptado, um neurótico suicida, génio excêntrico .  Na página 161, num só parágrafo sobre o desconcertante problema do suicídio nos filmes de Bresson, a palavra suicídio aparece quatro vezes, suicida-se ,...

Aki Kaurismäki e os cães

1. Chateado porque não aparece no diagrama do cinema transcendental de Paul Schrader (em contrapartida Andy Warhol está no eixo horizontal à direita e à esquerda).  2. Prepara-se para abandonar o livro e ler aquela revista (?) sobre a Bica Portuguesa.  Os cães, vê-se pelo olhar, são verdadeiros modelos bressonianos. Ela chama-se Alma (diz na plaquinha).

Directamente do Quartel-General do Comando Supremo das Potências Aliadas

Para erguer a tese do estilo transcendental, Paul Schrader cita vários autores conceituados. Os nomes e os títulos das obras agrupam-se nas notas de rodapé. Gosto particularmente da nota 23 que surge na página 85:  A Divisão de Recursos Religiosos Culturais das Potências Aliadas assinalou: «O tipo de conduta que normalmente se exprime através das palavras "espírito japonês" é essencialmente Zen na sua natureza.» 23 23 William K. Bunce (ed.) Religions in Japan , relatório preparado pela Divisão de Recursos Religiosos e Culturais, Secção de Educação e Informação Civil, Quartel-General do Comando Supremo das Potências Aliadas, Março de 1948, Tóquio: Charles E. Tuttle, 1955, p. 90.