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A mostrar mensagens com a etiqueta Jorge Luis Borges

Borges (o último dos delicados)

Carta para Fernando Savater Paris, 10 de dezembro de 1976 Querido amigo, Em novembro, quando passou por Paris, pediu-me para colaborar num volume de homenagem a Borges. A minha primeira reação foi negativa; a segunda… também. Para quê venerá-lo quando as próprias universidades já o fazem? A má sorte de ser conhecido abateu-se sobre ele. Merecia melhor. Merecia permanecer na sombra, no imperceptível, manter-se tão esquivo e tão impopular como uma nuance. Era aí que se sentia em casa. A consagração é a pior das punições — para um escritor em geral, e muito especialmente para um escritor do seu género. A partir do momento em que todos o citam, já não o podemos citar ou, se o fazemos, temos a impressão de estar a engrossar a legião dos seus «admiradores», dos seus inimigos. Na verdade, aqueles que querem a todo o custo prestar-lhe justiça, mais não fazem do que precipitar a sua queda. E fico por aqui, porque se continuasse neste tom acabaria por me compadecer do seu destino

Car je est un autre

( No te apoyes, / si estás solo, contra la balaustrada, / dice el poeta chino) A primeira cena de Fechar os Olhos passa-se nos arredores de Paris no Outono de 1947 (Víctor Erice tinha 7 anos, Franco asfixiava Espanha). Monsieur Lévy é um judeu sefardita abastado e solitário que vive com Lin Yu numa casa grande rodeada de árvores a que deu o nome de Triste-le-Roy ( La casa no es tan grande, pensó. La agrandan la penumbra, la simetría, los espejos, los muchos años, mi desconocimiento, la soledad ). Está para morrer e chama Monsieur Franch para o encarregar de uma missão difícil: descobrir e trazer até ele a sua única filha Judith que a mãe levou para Xangai há muitos anos e se chama agora Qiao Shu. ( ¿Pero qué es un nombre? ) Não quer morrer sem ver nos olhos da filha um sentimento puro onde se possa reencontrar. Tudo o que tem, a sua própria vida nada vale sem essa consagração. Quase parece o princípio de uma história de aventuras exóticas, sim, mas a forma como é filmada diz-nos

Punhal

No conto de Borges, há um punhal fechado na gaveta de uma secretária que sonha com uma mão. Um punhal que não é usado é um objecto inútil, sem préstimo. Mais cedo ou mais tarde, a lâmina reclamará a sua libra de carne. Punhais, balas, tanques. Mísseis adormecidos em gavetas de aço e betão. Que sonhos terríveis povoam o seu sono agitado?

Não haverá nunca uma porta. Já estás dentro.

A arquitectura de “Vitalina Varela” é sem arquitectos; oscila entra Jorge Luis Borges e brutalismo orgânico (ver edifício da igreja).

Nem te espera no negro crepúsculo uma fera

Antestreia de "Vitalina Varela" de Pedro Costa, com a presença do realizador e seguida de debate com o público, moderado por Daniel Ribas. Hoje, às 19:00, no cinema Trindade.

É de ferro teu destino

Vitalina Varela, 55 anos, cabo-verdiana, chega a Portugal três dias depois do funeral do marido. Há mais de 25 anos que Vitalina esperava o seu bilhete de avião.