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Celeste Ng x Rachel Kushner

Portei-me bem e não abandonei o livro. No fim, continuo a achar que “Pequenos fogos em todo o lado” podia ser a consequência satisfatória de um curso de escrita criativa e nada mais do que isso. Nota-se demasiado o esforço de composição, quer da trama quer das personagens e, apesar do título promissor, os fogos são tão pequenos que se apagam com um sopro, não é preciso chamar os bombeiros, nem fazem tábua rasa de nada. A aflição do livro é meramente ilustrativa, como se costuma dizer na publicidade. Cheia de ligeireza, apetece-me classificar Celeste Ng como uma promissora pré-argumentista — e é um pau. Claro que a minha opinião é mais severa porque li há uns meses “Os lança-chamas”, de Rachel Kushner, acabei por estabelecer um paralelo entre os dois livros e Kushner ganhou o round. Durante a leitura d’ “Os lança-chamas” fui aderindo a tudo: às personagens, à montagem, à variedade de histórias sobrepostas, ao fulgor, ao ritmo polifónico, à mistura entre documentário e ficção.

Desenrolar uma linha

A maior parte das vezes não respeito as intenções. Ontem saí de casa a pensar n’ O sino de Iris Murdoch mas, ao passar pelas novidades da biblioteca, não resisti ao Henry James e a um livro que se chama “Pequenos fogos em todo o lado” de Celeste Ng. A capa reproduz uma fotografia aérea de uma zona de casas, árvores, ruas secundárias, grandes avenidas, urbanizada com esquadro e muitas regras e isso agradou-me, assim como os textos comerciais de abertura sobre Shaker Heights ( era uma cidade construída para carros e para pessoas que tinham carros ) e o apelido Ng da autora (lê-se “ing”). Deixei a Maisie em lugar visível para me provocar e avancei para os pequenos fogos. Logo desde o início, pareceu-me tudo muito previsível e regrado, isto é, apesar de Mia ou até por causa de Mia (a personagem que traz os desastres) o romance sofre um bocado do mal que pretende examinar. Agora estou a meio e percebo que o problema maior é que o livro, mesmo antes de ser adaptado à televisão, já utiliz