Levanto-me cedo e saio. Preciso respirar um pouco antes de retomar o trabalho. Para evitar o ruído e o fumo dos carros, escolho ruas secundárias até chegar ao Covelo. Na pequena alameda do parque, e seguindo as «subtis voltas do acaso», as árvores parecem-me fazer raccord com a sequência inicial de Belle de Jour . Estou certo de que, a qualquer momento, começarei a ouvir os guizos de uma carruagem. Mas nada acontece. Não é um Outono ameno. Não é Paris. Não é a luz de Buñuel. Volto para casa. Afundo-me no trabalho. Mais um dia.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral