Há mais de um mês que, após um estranho naufrágio, uma onda vigorosa nos lançou para esta ilha. A ilha é pequena, plana e praticamente não tem segredos. Já percorremos mil vezes as costas e o interior. Nada de novo. Neste momento, já não sei qual dos dois é Crusoe ou Sexta-feira. Talvez sejamos ambos ao mesmo tempo. Às vezes penso que não existe uma maneira de sair daqui e que vamos ter de viver para sempre com os nossos machados, os nossos papagaios e as nossas pequenas provisões de latas de conserva. E o pior é que sinto um vago e secretíssimo prazer nisso.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral