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Le silence de la nuit en plein soleil

  – Je vous avais dit qu’il fallait voir.  Que vers midi le silence qui se fait sur Athènes est tel… avec la chaleur qui grandit…  La ville se vide à l’heure de la sieste, tout ferme, comme la nuit… … qu’il fallait assister à la montée du silence…  Je me souviens, je vous ai dit : peu à peu on se demande ce qui arrive, cette disparition du son avec la montée du soleil…  C’est là que cette peur arrive. Pas celle de la nuit, mais comme une peur de la nuit dans la clarté. Le silence de la nuit en plein soleil. Le soleil au zénith et le silence de la nuit. Le silence au centre du ciel et le silence de la nuit.  Le Navire Night, Marguerite Duras, 1978.

Aprender a conviver com os ratos

Uma das coisas que invejo a Cioran são os passeios nocturnos com Beckett pelas ruas de Paris. Gosto de imaginar as conversas sobre palavras que não existem, as interjeições de Cioran e os silêncios de Beckett. As ruas ainda sem turistas, vazias. Também consigo ver o lixo e os ratos. Ah, os ratos.

Locais de filmagem em Paris:

Jardim de Luxemburgo, fora e dentro do gradeamento. Em frente ao liceu Montaigne.  Interior e esplanada do café Les Deux Magots . Interior do café de Flore . O café Le Saint-Claude . Interior de La Rhumerie . Le Train bleu , restaurante na estação de Lyon, O apartamento do amigo, rue du Commandant-Mouchotte . O apartamento de Marie (de Catherine Garnier), rue de Vaugirard . A boutique de Marie (de Catherine Garnier), rue Vavin. Um cais do Sena, à noite. O quarto de enfermeira nas águas-furtadas do hospital de Laennec, rue de Sèvres .  Algumas ruas do Quartier Latin .   Em Paris, Antoine de Baecque.

I wanted to ask you about Henri Michaux

Allen Ginsberg : (...) Ele era um tipo muito tímido, muito reservado, por isso o que me ficou gravado na cabeça foi aquele encontro na esquina onde os nossos quarteirões se cruzavam. Estávamos a saltitar de entusiasmo e a discutir umas cenas, espantados por estarmos ali com ele e de repente apareceu uma mulher que nos apontou a máquina fotográfica, então Michaux (percebendo que nós éramos “beatniks americanos” famosos que publicávamos na Life Magazine) disse: “Oh, esta senhora deve ser para vocês” porque era muito tímido e afastou-se (não queria ser fotografado, ou não queria ser fotografado connosco, ou pensou que talvez fosse um truque para conseguirmos uma fotografia juntos para publicidade). Senti-me um bocado… Estávamos em Paris, era o seu território, calculei que fosse uma fotógrafa francesa a tentar tirar-lhe uma fotografia por isso disse: “Bom, deve ser para si, senhor Michaux”. Mas nessa altura a mulher exclamou: “Não se importam de sair da frente? Estou a tentar fotografar e...

Via de Cintura Interna

Depois da Rua das Lojas Escuras, passei para “As Avenidas Periféricas” ( Les Boulevards de Ceinture ). Manter a ligação geográfica foi boa ideia — entre as páginas 35 e 36, a propósito de vários bares, são mencionadas seis ruas e uma avenida: Rua Jean Mermoz, Avenida de Wagram, Rua Fontaine, Rua de Clichy, Rua Magellan, Rua Joubert e Rua de Hanovre. Farto-me de passear.  # O narrador em busca do pai n’as Avenidas Periféricas é um bom exemplo de MacGuffin.  # Nas últimas páginas, o livro de Modiano deixa-nos tão desamparados e tristes como Mr. Klein de Losey.

Na Rua das Lojas Escuras

Para além do mistério amnésico do narrador, Patrick Modiano entretém-se a desvendar as ruas de Paris. Logo na primeira página, por motivos paralelos à acção principal, surge a rue Vital, depois nunca mais acabam: rues ,  quais ,  avenues ,  boulevards , places , etc.. (Nota: no fim, arrumar em literatura topográfica, ao lado do Alexandre Andrade e dos mapas.) Gostava de ler o livro em Paris, em movimento — seguindo o narrador, parando nos cafés, restaurantes e hotéis mencionados. (Nota: criar um novo tipo de leitura ou crítica: em marcha, de preferência, lenta.) A alternativa pobre é usar o google maps . (Aqui apanhei um tipo a transportar uma escada numa mota e alguém colou um coração na placa com o nome da rua, pas mal .) Até agora, o meu capítulo preferido é o sexto, sobre Galina, conhecida por «Gay» ORLOW .  Gosto dele pela amplitude geográfica (alongar) e pelo estilo seco (recolher).  Também porque tem este parágrafo  (nunca citado na operação Marquês...

Mas, na manhã seguinte

(Depois dos espargos, do folar de azeitonas, do salmão fumado e do vinho do Douro — fórmula petisco improvisado — não me apeteceu trabalhar. Sentei-me na varanda a aproveitar o sol e a ler mais umas páginas d’ O Leão de Belfort e agora já sei demasiado, pelo que vai ser difícil defender a crítica a uma obra baseada apenas num parágrafo. Vou tentar não fugir do risco. Dentro do possível.) A questão geográfica. No excerto referido é apenas o parêntesis (ou seja, a Paris), a Rue Lemercier e o bairro de Batignolles, mas isso basta para prevermos (o plural define os leitores habituais do Alexandre Andrade) deambulações várias pela cidade, viagens de metro e autocarro. E, num salto completamente bem executado, a geografia mistura-se com a arquitectura, e entramos nas casas quase sempre pequenas e alugadas, nos quartos, nos corredores e escadas. É uma espécie de guia, mas ao contrário, em que o objectivo principal (a esperança, diria até) é desviar-nos do caminho certo. Ou, pelo menos, enc...