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A cabeça de um condenado

É praticamente no início da narrativa. Um misterioso personagem dos Contos Cruéis , de Villiers de L’Isle Adam, decide chamar a si mesmo Barão Saturno. A tradutora, Fernanda Barão (coincidência curiosa), remete o leitor para uma nota de rodapé onde explica os motivos que poderão estar na origem daquele nome. É a nota 44: Depois de As Flores do Mal , os Poemas Saturnianos de Verlaine («Jette ce livre saturnien…»), transformaram, de certo modo, em moda o signo maldito de Saturno. No primeiro capítulo de Claire Lenoir [novela de Villiers de L’Isle Adam], Bonhomet define-se a si próprio como um saturniano.  E agora a parte que mais me interessa e que é uma homenagem à imaginação dos tradutores:  Para um visionário como Villiers, além disso atraído pelas curiosidades da astronomia, o planeta Saturno, com a sua esfera prisioneira de um anel, podia evocar a cabeça de um condenado decapitado pela guilhotina. Mais à frente, o leitor percebe que o Barão era um «executor de sentenças finais», o

Saturno devorando os filhos

A imagem de Grossman não me sai da cabeça. Impossível não pensar na gigantesca estátua oca de Stálin , o pai dos povos, como um estranho Saturno devorando os filhos, aprisionando-os no seu interior, um após outro, angustiado pela ideia de poder ser destronado por um deles. Ou um outro Zeus que contrariasse a mitologia e que, em lugar de gerar Dioniso no interior da coxa, aí o sepultasse para sempre.