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Tremor

Sala de espera do Centro de Saúde. De repente, a terra treme. Todo o edifício treme. As pessoas olham aterradas umas para as outras. Boca escancarada, olhos esbugalhados, como se tivessem sido surpreendidas por um sismo fatal, longe de casa, longe das pessoas que amam. Depois, o abalo passa. Alguém comenta que são as obras do metro. A máquina avançou mais uns centímetros nas profundezas da terra. Todos se recompõem e agem como se nada tivesse acontecido. Olham de novo para a televisão, para o telemóvel, para o risco na parede branca. Volta a dor na cabeça, a garganta inflamada, a ponta de febre.

Sala de espera

Segunda dose da vacina. Enquanto aguardo a minha vez, ocorre-me que a sala de espera é uma metáfora possível destes quinze ou dezasseis meses (já perdi a conta) de pandemia. O nosso pequeno mundo — a casa, as ruas, a cidade — converteu-se numa sala de espera. Mas temos estado verdadeiramente à espera de quê? O que há do outro lado da porta? Queremos mesmo saber?