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흰개미

A Térmita é a livraria mais cinematográfica que conheço. Não é só uma questão de livros, aquele sítio mantém intacto o passar do tempo — basta olhar para os tectos, para as paredes, para os caixilhos das portas a descascar. Entra-se por um corredor escuro e lá dentro o espaço tem uma forma estreita e alongada que lhe dá uma atmosfera de coisa proibida (uma espécie de Budapeste para intelectuais solitários, diz a caixa de luz e o holofote vermelho sobre a porta ou as manchas de humidade). E por causa das ligações ao Candelabro, há uma pequena cozinha bem visível onde às vezes se trabalha e uma garrafeira escondida.  Tudo pode acontecer ali; principalmente um filme de Hong Sang-Soo.

Princípio da Singeleza (ver Guedes)

Como se aproximam semanas com feriados, trouxe três livros. E como estava a cair uma chuva miudinha, não fria mas desagradável, escolhi escritores brasileiros: dois do Rubem Fonseca e um do Bernardo Carvalho. Uma das coisas que gosto nos livros emprestados é das marcas. Há livros que estão impecáveis, porque ninguém lhes pega. Outros desfazem-se. E muitos têm sublinhados, geralmente a lápis — deve ser a correspondência gráfica do falar baixinho das bibliotecas. Tive sorte, saíram-me: um sublinhado com anotações; um sublinhado com dedicatória (os do Rubem Fonseca que se presta mais a conversa e carinhos vários). Mesmo os livros mais fraquinhos de Rubem Fonseca (“Mandrake — A Bíblia e a Bengala” é bastante fraco; “Bufo & Spallanzani”, apesar do belo título que apetece dizer em voz alta e modulada, ainda está em apreciação) são sempre divertidos e muito instrutivos (gosto tanto quando ele se desvia da história e resolve escrever texto de almanaque sobre sapos, facas ou o que seja)