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Juste une image

A meio da tarde, o noticiário da CMTV exibia de um lado o desfile da claque do Benfica e do outro a manifestação da extrema-direita no Porto — ambas acompanhadas por polícias fortemente armados. O ecrã estava dividido em dois, mas não eram duas imagens. No rodapé lia-se: «Perigo total: fruta atirada à PSP». (...) quando criamos a tragédia no fundo acaba por ser só uma comédia e vice-versa.

Simples

Faltam cinco dias para as eleições. O curandeiro continua empenhado em limpar tudo. Cidades, aldeias, bairros, ruas. O país inteiro. O curandeiro quer limpar as doenças da sociedade e as maleitas das pessoas. Varrer constipações, gripes, obstipações, unhas encravadas, impotência, queda de cabelo e dentes cariados. Arrancar braços e pernas inúteis. A fruta podre e as ervas daninhas. Não vale a pena fazer perguntas. O curandeiro só tem respostas. É simples.

Os salvadores

É verdadeiramente comovente a preocupação da extrema-direita e dos ultraliberais pela «situação a que chegaram os nossos serviços públicos». A propósito destes benignos e sensíveis defensores do estado social, ocorre-me uma passagem de Um Sonho , de August Strindberg, na qual a tripulação de um navio em perigo «grita horrorizada ao ver o seu salvador» e «atira-se ao mar, com medo dele».

Prenda

Na Avenida da República, em Gaia, nos intervalos das decorações de Natal, há cartazes de um dos partidos da extrema-direita. A uma prenda com um laço luminoso, segue-se um cartaz da extrema-direita. A outra prenda luminosa, outro cartaz. E por aí adiante.

Horror

Guerra, assassínio, ódio, genocídio, extrema-direita. Parece tudo tão óbvio, tão ostensivo, como um murro no estômago. A repetição de um filme de horror já visto. E, no entanto, não consigo evitar a permanente sensação de que os jornais usam uma língua que não conheço, uma escrita feita de hieróglifos impossíveis de decifrar. A terrível sensação de que falta sempre uma peça ao conjunto. Qualquer coisa que só irei compreender no último momento, quando o tempo se tiver esgotado. Aquilo que Karl Kraus viu desde o princípio e que eu não consigo ver. Ou que — e este é o drama — prefiro não ver.